APRESENTAÇÃO DO CARBONÔMETRO DA SEMOVE

 

RESUMO

Este trabalho visa demonstrar os critérios técnicos adotados no memorial de cálculo do contador automatizado do total de gás carbônico (CO2) não emitido pelo passageiro do sistema de transporte por ônibus do Estado do Rio de Janeiro, ao utilizar o transporte público em comparativo ao transporte individual, representado pelo uso do automóvel.

1 INTRODUÇÃO

A SEMOVE, Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro, por iniciativa de seus sindicatos e empresas associadas, elaborou o memorial de cálculo para um contador automatizado do total de gás carbônico (CO2) não emitido pelo passageiro do transporte público por ônibus do estado do Rio de Janeiro, ao utilizar o transporte coletivo em comparativo ao transporte individual.

2 METODOLOGIA

De acordo com estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, os índices de emissões de CO2 por quilômetro/passageiro, nos diferentes modos de transporte, corresponde a 0,0160 em ônibus, 0,0711 em motocicletas e 0,1268 em automóveis (ver tabela abaixo).

Ou seja, a emissão de CO2 por passageiro é, praticamente, 8 vezes maior em carros do que nos ônibus (7,93vezes). O IPEA inclusive aponta que a redução das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) passa pelo estímulo à utilização dos sistemas de transporte público coletivo.

Neste estudo utilizou-se um fator de emissão médio de 2,6 Kg de CO2 para cada litro de diesel queimado na combustão, acrescida de um valor médio de 0,5 Kg de CO2 provenientes da emissão para produzir e distribuir o combustível, chegando-se a uma taxa final de emissão em torno de 3,2 kg CO2/l de diesel.

Considerando a média de 475.449.995,33 litros de diesel consumidos anualmente, pelo setor de transporte de passageiros por ônibus, em todo o estado do Rio de Janeiro, chegou-se à diferença de 10.535.971.897 Kg de CO2 a mais por ano, caso cada passageiro do transporte por ônibus optasse por utilizar o automóvel.

A função do carbonômetro é realizar a demonstração visual deste resultado em um temporizador digital (timer) que irá apontar para a crescente emissão de CO2 que estaria sendo emitido, ao longo do ano de 2023, caso os passageiros do transporte público por ônibus migrassem para o transporte individual promovido pelo automóvel (emissão evitada).

Sobre a conversão de emissões do CO2 evitado do ciclo diesel para a área florestal, foi considerada a necessidade de 6,13 árvores por tonelada de COequivalente (ESALQ, USP), o que representaria o plantio de 64.637.864 mudas nativas da Mata Atlântica. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO, em cada hectare de floresta atlântica devem ser plantadas cerca de 2.000 mudas nativas.

Ou seja, a diferença de emissões de CO2 caso o passageiro de ônibus do estado do Rio de Janeiro optasse por utilizar o transporte  individual representado pelo automóvel, seria equivalente a cerca de 32.318 hectares de Mata Atlântica.

Ou seja, visando popularizar o resultado e facilitar o entendimento em toda a nossa sociedade, destacamos que o total de emissões de CO2 evitado no uso do transporte público por ônibus, nos permite inferir os seguintes comparativos abaixo sinalizados: O resultado corresponde a mais de 08 vezes a área do Parque Nacional da Tijuca (definida em 3.958 hectares ou 39,58 Km2, CNUC).

O resultado corresponde a mais de 1.700 vezes a área do Estádio do Maracanã (definida em 186.638 m2, CNEF).

O resultado corresponde a mais de 09 vezes o total de CO2 emitido por ano pela cidade  de Juiz de Fora/MG (definida em 1.083.392 toneladas de CO2e por ano (GWP-AR5), SEEG).

O resultado corresponde a mais de 12 vezes o total de CO2 emitido por ano pela cidade de Niterói/RJ (definida em 849.349 toneladas de CO2e por ano (GWP-AR5), SEEG).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal função do carbonômetro, por meio do levantamento realizado, é o de demonstrar a toda a sociedade e aos grupos de interesse, de que ao escolher o transporte público por ônibus, os usuários deixam de emitir 10.535.971.897 Kg de CO2 por ano. Este resultado corresponde a mais de 8 vezes a área do Parqu Nacional da Tijuca ou 1.700 vezes área do Estádio do Maracanã, sendo equivalente também a mais de 9 vezes o total de emissões de CO2 da cidade de Juiz de Fora/MG ou mais de 12 vezes o total de emissões de CO2 da cidade de Niterói/RJ.

O carbonômetro é mais uma ferramenta que representa a importância do transporte público para a qualidade do ar e para a qualidade de vida da população fluminense. Considerando todos os impactos adversos provocados pela poluição do ar, destaca-se a necessidade de redução na utilização dos veículos particulares e a consequente priorização do transporte público, representada pelo aumento da atratividade do transporte coletivo por ônibus e com significativa contribuição para a construção de um futuro mais sustentável.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. CNUC. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação – Relatório Parametrizado – Unidade de Conservação. Parque Nacional da Tijuca. Ministério de Meio Ambiente. 2012. Disponível em: https://cnuc.mma.gov.br

BRASIL. Instrução Normativa ICMBio nº 11. Estabelecer procedimentos para elaboração, análise, aprovação e acompanhamento da execução de Projeto de Recuperação de Área Degradada ou Perturbada – PRAD, para fins de cumprimento da legislação ambiental. (Processo nº 02127.000030/ 2013-48). 2014. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio.

CBF. CNEF. Cadastro Nacional de Estádios de Futebol (Revisão 6). 2016. Diretoria de Competições da CBF – Confederação Brasileira de Futebol. Lista de Estádios. Parcialmente disponível em: https://conteudo.cbf.com.br/cdn/201601/20160122182359_0.pdf

ESALQ. Cada árvore da Mata Atlântica chega a retirar 163 kg de CO2 da atmosfera. 2013. USP.

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo – USP, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica e com o Instituto Totum. Disponível em: http://www.esalq.usp.br/acom/clipping_semanal/2013/3marco/23_a_29/files/assets/downloads/page0013.pdf

IPEA. Emissões Relativas de Poluentesdo Transporte Motorizado de Passageiros nos Grandes Centros Urbanos Brasileiros. Responsável: Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Texto para Discussão 1606, Brasília/DF, 2011. Disponível em:

https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1578/1/td_1606.pdf. Páginas 8, 9, 10 e 17.

SEEG. Panorama das Emissões de GEE no Brasil. 2021. Observatório do Clima. SEEG Emissões por Municípios Estatísticas. Resultados em toneladas (t) de CO2e (GWP-AR5) | ano-base 2019.

Disponível em: https://plataforma.seeg.eco.br/cities/statistics

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