20º Rio de Transportes analisa desafios para um transporte mais integrado e sustentável

Os desafios enfrentados pelos diversos modais de transporte e a busca de soluções para uma mobilidade mais integrada, segura e sustentável foram as questões que estiveram na pauta de debates do Rio de Transportes, realizado dias 7 e 8 de dezembro, na Inovateca, parque tecnológico da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento reuniu estudiosos, técnicos e pesquisadores de transporte, gestores públicos, operadores e representantes de empresas privadas.

Na abertura do evento, o coordenador da Comissão de Mobilidade Urbana do CREA-RJ, Itamar Marques, falou da prioridade que deve ser dada ao bem-estar do ser humano nas políticas de mobilidade e ressaltou a necessidade de um transporte integrado. “Temos de fazer integração de trem e metrô com o ônibus”, ressaltando também a importância de se ter bicicletários nos pontos de integração. Ele considerou fundamental a união das três esferas de poder para resolver os problemas do transporte público e defendeu a criação do SUM (Sistema Único de Mobilidade).

A diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe/UFRJ, Marysilvia Ferreira da Costa, falou da verdadeira “imobilidade” que se registra hoje nas cidades e exemplificou com as dificuldades para se chegar ao próprio local de realização do evento. A diretora aproveitou para frisar que a missão do Rio de Transportes era servir de ponte entre estudantes, pesquisadores e demais agentes da mobilidade no aprofundamento das questões relativas ao tema, na busca de soluções conjuntas.

Também estiveram presentes à abertura do evento, o diretor executivo da Coppetec/UFRJ e coordenador do evento Glaydston Mattos Ribeiro, e o professor do IME e coordenador do Comitê Científico do evento, Orivalde Soares, que apresentou um balanço dos trabalhos inscritos: 128, tendo sido aprovados 97, sendo 83 científicos, e os demais, pesquisas em andamento.

A palestra magna foi ministrada pelo coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório de Cidades Arq. Futuro, do Insper, e sócio fundador da empresa Urucuia, Sérgio Avelleda, e teve como tema “Os desafios para uma agenda de mobilidade urbana inclusiva, sustentável e segura”. O palestrante defendeu que é preciso sair da “mentalidade carrocêntrica” para uma maior utilização do transporte público. Lembrou que um ônibus leva 80 vezes mais pessoas que um automóvel e que este consome 60% da energia para levar 26% dos passageiros. Abordou também a questão do financiamento do serviço, frisou que o subsídio é dado aos passageiros, não aos empresários, e que “estamos tirando das pessoas o direito de acesso às cidades”. Avelleda considera que o uso do espaço público por veículos que fazem transporte remunerado deve ser cobrado de todos, não apenas dos ônibus, assim como os estacionamentos nas vias públicas, porque isso tem um custo para a cidade. Ele afirmou também que já “passou da hora” de termos uma gestão metropolitana de transporte público no Rio de Janeiro.

No segundo dia do evento, a gerente de Mobilidade Urbana da Semove, Eunice Horácio, participou de mesa redonda sobre o panorama do transporte público no Rio de Janeiro, onde foram apresentados os resultados de pesquisa sobre a mudança no padrão de deslocamento no pós-pandemia. O levantamento foi realizado em dois formatos: uma nos meses de junho, julho e agosto deste ano, nas modalidades digital e presencial, em cinco pontos da RMRJ (centro das cidades do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói e o bairro de Alcântara, em Niterói), e a outra com o campo ampliado para 40 pontos focais e incluindo outros meios de transporte. A apresentação dos resultados da pesquisa ficou a cargo da professora da Coppe, Marina Leite de Barros Baltar, que participou da equipe que fez as análises do estudo. A próxima edição da Revista Ônibus trará matéria de capa sobre a pesquisa, mostrando os números e gráficos.

O painel “Subsídio tarifário: panorama e experiências nacionais”, também no segundo dia da Rio de Transportes, contou com a participação da engenheira de Transportes Paula Leopoldino, do Rio Ônibus. Leo Carlos Cruz, subsecretário de Mobilidade Urbana da Semobi, no Espírito Santo, completou o time de debatedores deste tema, que teve como moderador Matteus Freitas, da NTU.

Foto: Arthur Moura

Foto: Arthur Moura