Estudo revela que congestionamentos dificultam acesso a emprego para população de baixa renda

29/09/2023 2 min leitura

O estudo “Os Impactos Desiguais do Congestionamento Urbano no Acesso a Empregos”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dia 28 de setembro, destaca que a população de menor renda é mais prejudicada pelos congestionamentos de trânsito quando busca acessar vagas de trabalho. O trabalho avalia os impactos dos congestionamentos no acesso a oportunidades de empregos nas 20 maiores cidades do Brasil.

De acordo com o levantamento, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília são as mais afetadas por essas limitações. A redução da quantidade média de empregos acessíveis nesses municípios por causa do trânsito intenso é de 40,7%, 35,1% e 24,6% respectivamente. Por outro lado, Goiânia, Campo Grande e São Gonçalo (RJ) são as cidades menos afetadas. A redução de acesso às oportunidades de trabalho nessas cidades é de 0,6%, 2,1% e 3,2%, respectivamente, na comparação com os horários de trânsito livre.

O estudo aponta que os congestionamentos têm um impacto maior sobre populações de baixa renda. São Paulo e Belo Horizonte, cidades com mais desigualdades entre as pesquisadas pelo trabalho, a população mais pobre tende a ser aproximadamente entre três e onze vezes mais impactada pelos congestionamentos do que a população mais rica. Na capital paulista, no horário de pico, os grupos de maior renda deixam de acessar 20% das vagas que acessariam com trânsito livre. Para os grupos de menor renda, 56% dos empregos tornam-se inacessíveis por causa dos congestionamentos.

A diferença que limita o acesso de ricos e pobres em picos de congestionamento está associada à combinação de dois fatores: os padrões espaciais de localização de empregos e classes sociais e os padrões espaciais de congestionamento. Resumidamente, os terrenos mais próximos dos centros de empregos, muitas vezes próximos ao próprio centro das cidades, são mais caros. Por isso, os segmentos de maior renda têm mais chance de ocupar espaços próximos a esses locais.

Em contrapartida, populações de baixa renda tendem a habitar áreas periféricas, onde os terrenos são mais baratos. Esses segmentos acabam sofrendo mais com os congestionamentos por terem de percorrer distâncias maiores, por meio de ruas e avenidas com maiores engarrafamentos, para chegar a áreas centrais, onde estão localizados os empregos.

O estudo esclarece que, embora as áreas centrais e mais próximas de centros de empregos sejam as que concentram grande parte do sistema viário com maiores índices de lentidão no trânsito, as distâncias percorridas dentro desses perímetros pelas pessoas que ali residem são menores. O tempo gasto nesses deslocamentos é bem menor porque as distâncias são relativamente pequenas e podem ser percorridas por modos alternativos, como as bicicletas, ou mesmo a pé. Assim, a população de maior renda consegue acessar mais vagas de trabalho porque enfrenta congestionamentos por menos tempo em trajetos mais curtos.

Nas áreas mais remotas das periferias, ocupadas por populações em situação de extrema pobreza, o estudo mostra que o impacto dos congestionamentos é relativamente mais baixo. O motivo é que essas regiões são tão afastadas dos centros que seus habitantes não têm oportunidade de acesso a empregos mesmo com trânsito livre (considerando o intervalo de tempo de viagem analisado no estudo, de 15 a 45 minutos de viagem de carro).

Confira aqui a íntegra do estudo.

Fonte: Ipea (ipea.gov.br)