---
O trânsito congestionado nas cidades apresenta uma série de consequências negativas para a saúde pública, ampliando os riscos físicos e mentais para os seus habitantes. O transporte público bem planejado e eficiente desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida da população urbana, especialmente em áreas afetadas por tráfego congestionado, ao oferecer uma alternativa viável aos desafios de mobilidade enfrentados nas cidades.
O estresse crônico é uma resposta comum ao tempo prolongado gasto no trânsito. Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o nível de estresse causados pelo trânsito em 2014, apontou que o estresse relacionado ao tráfego está associado a uma variedade de problemas de saúde, incluindo distúrbios do sono, hipertensão arterial e comprometimento do sistema imunológico. Além disso, a exposição à poluição do ar dentro dos veículos pode aumentar o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Nesse contexto, o transporte público desempenha uma alternativa saudável e sustentável. Os ônibus, por exemplo, podem oferecer uma opção de deslocamento que reduz o estresse associado ao trânsito, permitindo que os passageiros não se preocupem diretamente com o congestionamento, podendo até descansar durante esse tempo ou realizar outras atividades enquanto viajam. Além disso, ao optar pelo transporte público, as pessoas podem diminuir sua contribuição com a poluição do ar.
Um outro impacto negativo para a saúde que está diretamente relacionado com a alta densidade do trânsito, crescimento urbano desordenado e tempo de viagem muito longos é o aumento da poluição ambiental, de acordo com a Organização Pan Americana de Saúde, em sua publicação pela defesa do transporte público seguro e saudável (2010).
Segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em abril de 2011, a emissão de CO 2 por passageiro é 8 vezes maior em carros do que nos ônibus, corroborando assim com a ideia de que a transição para o transporte público também tem um impacto positivo significativo no meio ambiente, reduzindo as emissões de carbono e melhorando a qualidade do ar. Nesse sentido, vale ressaltar que investir em infraestrutura de transporte público como faixas preferenciais de ônibus não só alivia o congestionamento do tráfego para o passageiro, mas também pode reduzir a quantidade de ônibus nas vias.
Além dos impactos físicos, o trânsito congestionado também afeta a saúde mental e auditiva dos indivíduos. Um estudo realizado pela universidade de Oxford, publicado em 2020, sobre os efeitos do ruído do tráfego na saúde mental, mostram que a exposição prolongada ao ruído do tráfego pode levar a distúrbios do sono, problemas de concentração e irritabilidade. O estresse relacionado ao trânsito também é um fator de risco para uma variedade de problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão.
O transporte não é uma atividade fim, ou seja, não é a finalidade em si do deslocamento, mas o modo com que as pessoas conseguem realizar as suas necessidades: emprego, compras, lazer, educação e uma série de serviços que contribuem para vidas saudáveis e plenas. Portanto, um bom sistema de transporte público desempenha um papel crucial na promoção dos acessos a serviços e bens.
Outro ponto interessante é que um bom sistema de transporte público coletivo, ademais de reduzir as desigualdades sociais e trazer benefícios socioeconômicos para a região, pode não apenas auxiliar na redução do ruído e na melhoria da qualidade do ar mas também estar integrada a uma rede de mobilidade ativa, incentivando a caminhada e o uso da bicicleta que trazem os benefícios do exercício físico de andar e pedalar para a vida da pessoas, visto que a obesidade e problemas cardiovasculares representam o mal do mundo moderno.
Portanto, é essencial que governos e autoridades invistam em melhorias na infraestrutura de transporte público, incluindo faixas preferenciais de ônibus, investimentos em tecnologias de energia menos poluente e políticas que incentivem o uso do transporte público, principalmente com redes integradas e alimentadas pelos modos não-motorizados. Essas medidas não apenas reduzem os problemas de congestionamento do tráfego, mas também promovem uma vida urbana mais saudável, sustentável e acessível para todos os cidadãos. Investir em infraestrutura de transporte público é investir no bem-estar das comunidades e no futuro sustentável das cidades.
Artigo escrito por Igor Kiuchi, Engenheiro de Transportes Pleno da Gerência de Mobilidade Urbana.
Principais temas
Mais Curtidas
Viação Dedo de Deus promove adesivação dos pontos cegos dos ônibus
Projeto brasileiro vence UITP Awards da América Latina na categoria Clima e Saúde
Transporte como direito social no Brasil é o assunto de capa da Revista Ônibus 121
Congresso da UITP teve 15 mil participantes e mais de 300 palestrantes
Semove nas redes:
© SEMOVE Todos os direitos reservados.
Nome (obrigatório)
E-mail (obrigatório)
Nome completo (obrigatório)
CPF (obrigatório)
Qual a sua relação com o Sistema Fetranspor (obrigatório)? Colaborador, gestor, agente de governançaFornecedor terceirizado, cliente, sindicato, empresas de transporte coletivo de passageiros, demais categorias de empresas com contratos firmados com o Sistema Fetranspor.
CNPJ da EMPRESA
DECLARA que tomou conhecimento e compreendeu as disposições previstas nesta Política de Segurança da Informação, se comprometendo a respeitar, no desempenho de suas atividades, todos os seus termos, condições e princípios, estando sujeita às responsabilidades cabíveis advindas do descumprimento.
DECLARA que tomou conhecimento e compreendeu as disposições previstas neste Código de Conduta, se comprometendo a respeitar, no desempenho de suas atividades, todos os seus termos, condições e princípios, estando sujeita às responsabilidades cabíveis advindas do descumprimento.
Conteúdo aqui !