Gerente da Semove participa de webinar do Portal Integridade ESG

03/10/2024 3 min leitura

A gerente de Mobilidade Urbana da Semove, Eunice Horácio, participou, dia 2 de outubro, do webinar “Mobilidade sustentável: o transporte público como prioridade”, promovido pelo Integridade ESG e mediado pela editora do portal, Cintia Salomão. Segundo Eunice, o problema da queda de demanda no transporte coletivo, acentuada no período da pandemia da Covid-19 e que ainda não foi revertida, pode ser resolvido com planejamento, investimento, prioridade ao transporte público e comunicação, para mostrar às pessoas que existe um sistema de transporte de qualidade e sustentável em funcionamento.

“O advento da pandemia contribuiu para mudar o comportamento das pessoas, que migraram para o transporte particular e o transporte por aplicativo, ambos com grande crescimento, como apurado na pesquisa da CNT. Aqui no estado do Rio de Janeiro isso é muito claro, especialmente na região metropolitana. Mas o fenômeno vem acontecendo em nível nacional”, explica. “Com um planejamento que priorize o transporte público, com corredores exclusivos, faixas preferenciais, noção de tempo de viagem e viagens mais rápidas, a população voltará a ter confiança no sistema. As pessoas precisam saber que o ônibus delas vai chegar e elas terão o tempo de viagem programado. E conseguimos isso a partir de sistemas prioritários”, defende. A gerente destacou ainda a importância de sistemas de integração completos, tanto no aspecto físico, como no tarifário e operacional.

Três gargalos

O coordenador do Núcleo de Transportes da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Matteus de Paula Freitas, apontou três causas para os gargalos que explicam os longos congestionamentos urbanos do país. O primeiro é a questão das grandes distâncias entre as residências e os centros de atividade econômica. Outro ponto é a qualidade do serviço, que está aquém do que deveria ser. O terceiro é a carência de infraestrutura. Segundo Freitas, na maior parte das grandes cidades brasileiras, não existem redes integradas de transporte. E apesar de 90% do transporte coletivo ser realizado por ônibus urbanos, o modal não conta com tratamento prioritário.

“Precisamos de investimentos nesse sentido para ganhar em velocidade operacional e em redução de lotação para melhorar a qualidade do serviço e a qualidade. Os caminhos para reverter isso passam, num primeiro momento, por investimento em capacitação e fortalecimento da governança… Não dá mais para colocar o ônus da operação somente sobre o usuário”, diz coordenador da NTU. Ele também destacou a necessidade de redução das tarifas, o que passa pela tarifa social, evitando que o custeio da operação do transporte recaia apenas sobre o usuário, e propôs a criação de um programa nacional de qualidade do transporte coletivo que estabeleça padrões mínimos de qualidade.

Abordagem multimodal

Cintia Machado de Oliveira, professora de Pós-graduação em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia e do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), destacou algumas práticas para ajudar a reduzir de forma significativa as emissões de CO2 no país. A professora e pesquisadora sugeriu integrar os modos de transporte, numa abordagem multimodal, com diferentes formas de transporte se complementando, e incentivo à mobilidade ativa, como caminhada e ciclismo.

“Isso envolve política pública e mudança de comportamento. É preciso incentivar a caminhada e o uso de bicicleta. Isso não só ajuda a reduzir as emissões, como melhora a questão de saúde pública e a qualidade de vida nas cidades. No entanto, a gente precisa garantir que existam ciclovias e que elas sejam seguras, que as calçadas sejam boas, que se possa caminhar. A caminhada tem que ser agradável e principalmente segura”, enfatizou Cintia de Oliveira.

Ela acredita ainda que é necessário criar campanhas educativas que abordem os impactos ambientais relacionados ao uso do transporte individual. “É preciso incentivar o uso de alternativas sustentáveis para mudar a cultura e a mobilidade no país e desestimular, de alguma forma, o uso do automóvel individual”, salienta. Segundo Cintia, é viável reverter a tendência do uso de carros particulares nos próximos anos, mas isso exige um esforço conjunto, da sociedade, do governo e da iniciativa privada. “Algumas ações podem contribuir para essa reversão, como investir em transporte coletivo, melhorar a qualidade e eficiência do transporte coletivo, com corredores exclusivos para ônibus, integração entre os modos, terminais acessíveis e segurança pública”, concluiu a pesquisadora.

Assista na íntegra ao webinar Mobilidade sustentável: o transporte público como prioridade, que foi transmitido ao vivo pelo canal do portal Integridade ESG no YouTube e pelo perfil do LinkedIn.